Atalhos

EITA TA DANADO DE BOM

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Serie Crimes que abalaram o Brasil. 1ª parte.

Violência e comoção

A prisão do goleiro Bruno, então atleta do clube com a maior torcida do País, o Flamengo, acusado de envolvimento no sumiço de uma ex-amante pegou de surpresa admiradores ou não do time. Os desdobramentos do caso, que envolveu familiares e amigos do jogador, e os detalhes macabros dos relatos sobre a suposta execução da jovem chocaram o Brasil. Nos últimos 20 anos, casos de violência chamaram a atenção da mídia e causaram a revolta da sociedade pela brutalidade, pela frieza, pela motivação fútil ou mesmo pela condição de celebridade dos envolvidos. O Terra elaborou uma relação de mais de 30 crimes que comoveram o Brasil desde 1990:



ATRIZ É ASSASSINADA POR COLEGA DE NOVEL

Em 1992, a atriz Daniella Perez – filha da novelista Glória Perez -, então com 22 anos e famosa pelo papel da personagem Yasmin na novela De Corpo e Alma, da TV Globo, foi assassinada com 18 golpes de tesoura, no Rio de Janeiro. Os autores do crime foram o ator Guilherme de Pádua, que na mesma novela vivia Bira, personagem apaixonado por Yasmin, e Paula Thomaz, mulher de Guilherme à época, que estava grávida de quatro meses.
Guilherme alegou que Daniela o assediava e que matou a colega acidentalmente, ao apertar o braço em torno de seu pescoço para apartar uma briga da atriz com sua mulher, que levou ao encontro para provar que era perseguido. Segundo ele, foi de Paula Thomaz a ideia de desferir tesouradas em Daniella para que o assassinato se parecesse com "um crime praticado por um fã alucinado". Ela sempre negou envolvimento no caso. Ele cumpriu um terço dos 19 anos de prisão a que foi condenado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem dar à vítima condições de defesa. A ex-mulher foi condenada a 18 anos e, mais tarde, teve a pena reduzida para 15 anos, mas ficou apenas sete na cadeia.
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EX-DEPUTADO TORTURA VÍTIMA COM MOTOSSERRA

Em 1996, Agílson Santos, o Baiano, foi torturado, morto e seus restos mortais jogados em uma avenida de Rio Branco (AC). A vítima teve braços, pernas e genitália amputados com uma motosserra, além de ter os olhos perfurados. Baiano teria sido executado por suposto envolvimento no assassinato de Itamar Pascoal, irmão do então coronel Hildebrando Pascoal. O militar e também ex-deputado federal foi apontado como líder de um grupo de extermínio que agia no Acre.
Condenado por duas mortes de testemunhas do caso, por tráfico de drogas e por trocar votos por cocaína, o ex-deputado foi preso em 1999. Em 2009, Hildebrando foi condenado a mais 18 anos de prisão pelo que ficou conhecido como "crime da motosserra".
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MENINO É MORTO ANTES DE PEDIDO DE RESGATE

Em agosto de 1997, Ives Ota, então com 8 anos, foi sequestrado por três homens na cidade de São Paulo. O menino foi sedado e assassinado com dois tiros no rosto antes de qualquer contato dos sequestradores com a família. Ele foi morto porque reconheceu um de seus raptores, um policial militar que fazia segurança particular nas lojas de seu pai, o comerciante Massataka Ota. Mesmo após a execução do menino, os sequestradores continuaram negociando o resgate com a família.
A extorsão terminou com a prisão do motoboy Adelino Donizete Esteves, depois que a polícia rastreou uma ligação para os pais de Ives. Ele denunciou como comparsas os então PMs Tarso Dantas e Sérgio Eduardo Pereira. Os três foram condenados a penas entre 43 e 45 anos de prisão.
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MANÍACO ESTUPRA E MATA NO PARQUE DO ESTADO

Entre 1997 e 1998, o motoboy Francisco de Assis Pereira, que ficou conhecido como Maníaco do Parque, estuprou e matou pelo menos oito mulheres no Parque do Estado, na divisão de São Paulo e Diadema. Ele seduzia as vítimas com falsas promessas de emprego em uma agência de modelos.
O motoboy foi condenado pelas mortes e ainda pelo estupro de outras nove mulheres, que sobreviveram aos ataques. Somadas, as penas chegam a 270 anos de prisão. A defesa do motoboy alegou que ele sofre de desequilíbrio mental e tentou que ele fosse levado a um manicômio judiciário, mas o pedido não foi aceito.
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CALOURO MORRE AFOGADO EM TROTE NA USP

Em fevereiro de 1999, o calouro de Medicina da Universidade de São Paulo Edison Tsung Chi Hsueh, então com 22 anos, morreu afogado em uma piscina da instituição durante uma festa de confraternização com trote. Cerca de 200 estudantes participaram do evento. Em cartas, os estudantes relataram que havia muitos alunos alcoolizados e que veteranos atiraram vários deles na piscina. Um dos calouros disse que os colegas pisavam nas mãos dos jovens para que eles não conseguissem sair da piscina.
Em 2001, os médicos Frederico Carlos Jana Neto, o Ceará, e Guilherme Novita Garcia, apontados como os veteranos que lideraram o trote violento, foram indiciados por homicídio qualificado, junto com os estudantes de Medicina Luís Eduardo Passareli Tirico e Ari de Azevedo Marques Neto. Em 2006, o caso foi arquivado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que não havia elementos para justificar as acusações.
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UNIVERSITÁRIO ATIRA A ESMO EM CINEMA

Em novembro de 1999, o estudante do 6º semestre do curso de Medicina Mateus da Costa Meira, 24 anos, invadiu armado uma sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, e disparou a esmo contra a plateia. Três pessoas morreram e cinco ficaram feridas.
O ex-estudante disse que na época ouvia vozes e se sentia perseguido, se identificando com o personagem do filme Clube da Luta, que era exibido na sala no momento em que cometeu os crimes. Ele foi condenado a 120 anos de reclusão, mas, em 2007, a pena foi revisada e reduzida para 48 anos e nove meses.
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SOBREVIVENTE DE CHACINA SEQUESTRA ÔNIBUS

Em 12 de junho de 2000, Sandro do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária, sequestrou um ônibus da Linha 174, no Rio de Janeiro. Ele manteve os passageiros reféns por mais de quatro horas, enquanto toda a negociação era transmitida ao vivo pela televisão. Após a libertação de alguns reféns, Nascimento desceu do coletivo usando a professora Geisa Gonçalves como escudo. Ao tentar atingir o sequestrador, um policial baleou a refém de raspão. Nascimento disparou mais três tiros contra a professora, que morreu no hospital.
Preso, ele foi retirado do local com vida dentro de um camburão, mas chegou morto por asfixia ao hospital. Os policiais apontados como assassinos de Sandro foram absolvidos. O episódio virou o documentário Ônibus 174, de José Padilha e Felipe Lacerda, que ganhou prêmios internacionais.
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JORNALISTA MATA EX EM HARAS DE SÃO PAULO

A jornalista Sandra Gomide, 33 anos, foi morta com dois tiros em um haras em Ibiúna, no interior de São Paulo, em agosto de 2000. O ex-namorado de Sandra, então diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, Antônio Pimenta Neves, confessou o crime, alegando que a colega o traía. Os dois se conheceram em 1997 e tiveram um relacionamento por cerca de três anos. Ele chegou a ficar preso por sete meses enquanto respondia ao processo, mas conseguiu habeas-corpus para aguardar a sentença em liberdade.
Em 2006, Pimenta Neves foi condenado a 19 anos e dois meses de reclusão em regime fechado, mas o juiz de Ibiúna concedeu ao jornalista o direito de recorrer em liberdade. Alegando que a confissão espontânea é atenuante de pena, a defesa conseguiu no Tribunal de Justiça de São Paulo a redução da pena para 18 anos e, depois, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para 15 anos. Os advogados do jornalista continuaram recorrendo até que, em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o último recurso e determinou que a pena fosse imediatamente cumprida. Em seguida, policiais cercaram a casa de Pimenta Neves, na capital paulista, e ele se entregou.


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HOMEM FAZ SILVIO SANTOS E FILHA REFÉNS

Em agosto de 2001, Patrícia Abravanel, filha do apresentador Sílvio Santos, foi rendida na garagem de casa e levada por sequestradores. Uma semana depois, ela foi solta, e a polícia foi atrás do mentor do crime, Fernando Dutra Pinto, em um flat em Barueri. O suspeito, no entanto, escapou do cerco, em que teria matado dois policiais. Em fuga, Dutra Pinto invadiu a casa de Sílvio Santos e só se rendeu após negociações que envolveram o próprio governador do Estado à época, Geraldo Alckmin, que lhe garantiu que não seria morto.
O homem estava em um centro de detenção provisória, aguardando julgamento, quando morreu, em janeiro de 2002. As circunstâncias da morte foram questionadas na época por entidades de direitos humanos e pela Corregedoria da Polícia.

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JORNALISTA É TORTURADO E MORTO PELO TRÁFICO

Produtor da Rede Globo, o jornalista Tim Lopes foi capturado por traficantes na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em junho de 2002, quando fazia reportagens investigativas sobre bailes funk financiados por traficantes da favela. Ele foi torturado antes da execução. Seu corpo foi esquartejado e incinerado para dificultar a identificação, que foi possível somente após a realização de exame de DNA.
A morte do jornalista foi ordenada por um dos líderes do grupo criminoso Comando Vermelho, o traficante Elias Maluco. Ele foi sentenciado em 2005 a 28 anos e seis meses de regime totalmente fechado pelo assassinato de Lopes. Outros seis homens foram condenados por envolvimento no crime.

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JOVEM MATA PAIS PARA FICAR COM HERANÇA

Em outubro de 2002, o casal Manfred e Marísia von Richtofen foi encontrado morto em sua mansão em São Paulo. Uma semana depois, a filha do casal, Suzane von Richthofen, na época com 18 anos, confessou envolvimento no crime. Pouco tempo depois, o namorado de Suzane na época, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Christian, também foram presos e confessaram terem matado o casal com golpes de barra de ferro. Os três planejaram o assassinato para que Suzane ficasse com a herança dos pais.
Em 2006, após quase 56 horas de julgamento, os três foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado em regime fechado. A soma total das penas chegou a 115 anos de

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Fonte: terra

terça-feira, 21 de maio de 2013

Caso: Ana Lídia o mistério completa 36 anos


Caso: Ana Lídia o mistério completa 36 anos


Caso Ana Lidia Braga morreu em 1973 sequestrada e morta.
Ana Lídia Braga morta em 1973.
No dia 11 de setembro de 1973, uma terça-feira, a menor Ana Lídia Braga foi deixada no colégio Madre Carmen de Salles, na avenida L2  norte quadra 604, pelos pais Álvaro Braga e Heloysa Rossi Braga ás 13h30, sendo no carro também Álvaro Henrique Braga o filho do meio do casal. Logo após isso Álvaro teria sido levado até o Detran e dali seguido até a rodoviária. Seus pais em seguida foram para o DASP, onde trabalhavam.
Segundo o jardineiro Benedito Duarte da cunha, a menina foi levada do colégio pouco depois da saída dos pais por um rapaz desconhecido alto e loiro (embora algumas testemunhas tenham dito ter visto um rapaz num taxi vermelho que se dirigiu no sentido da UNB.) O pai imediatamente comunicou á polícia que começou as buscas, inclusive revistando barracos da Vila Planalto. Lá, um garoto de 5 anos teria dito ter visto uma menina loira acompanhada por um indivíduo alto e claro indo na direção da UNB. Ainda no dia 11, foram encontrados, próximos ao Iatê Clube três cadernos, uma caixa de lapís de cor e uma fransqueira; a boneca de Ana Lídia que foi achada perto do quartel dos Fuzileiros Navais.
Foram feitos alguns pedidos de resgates, o primeiro no valor de 2 milhões de cruzeiros, que foi considerado como trote e outro no valor de 500 mil cruzeiros, que deveriam ser deixados perto da ponte do Bragueto pelo pai da criança. O corpo da menina só foi encontrado no dia 12 de setembro ás 13h no terreno da UNB por um grupo de políciais. Estava numa vala semi-enterrada, com os cabelos grosseiramente cortados. A péricia chegou ao local ás 13h30, e começou o levantamento do terreno. 

Ánalise de um crime barbaro

Ápós a exumação do corpo de Ana Lídia Braga, os peritos constataram que a garota foi violentada enquanto estava viva, morrendo asfixiada por não resistir á pressão sobre o toráx e o rosto contra a terra. Havia ainda sinais de estrangulamento, o que se juntando aos sinais do estrupo constituiu um crime atroz e mosntruoso, sendo que vários médicos psiquiatras construíram o perfil psicológico como um pervetido sexual sádico. Segundo peritos, tal fato teria ocorrido entre 4 e 6 horas da manhã de quarta-feira, 12 de setembro de 1973. O corpo foi encontrado numa vala, com duas camisinhas usadas ao seu lado, onde ainda havia marcas de pneus de moto. 

As falhas de um crime impune

Um crime bárbaro, dois acusados, muitas suspeitas e nenhuma resposta. Entre tantos pontos obscuros sobre o assassinato de Ana Lídia, que completa 36 anos hoje, uma certeza permanece cristalina. Promotores, juízes, desembargadores, policiais e especialistas que acompanharam o processo são unânimes em afirmar que houve falhas na investigação. E o resultado não poderia ser outro: o crime ficará impune.
As investigações da Polícia Civil na época concluíram pela inocência de Álvaro Henrique Braga, irmão de Ana Lídia, e Raimundo Lacerda Duque. O delegado Mário Stuart, chefe da Delegacia de Homicídios, assumiu o caso uma semana após a morte da menina e instaurou o inquérito. Para ele, os dois são inocentes. ‘‘Só tenho uma hipótese para o crime: sexual’’, afirma. Ele diz que não conseguiu provas para apontar o autor.
A tese do delegado é contestada por especialistas em criminalidade. A promotora do Tribunal do Júri de Brasília, Maria José Miranda, entende que uma pessoa sob efeito de drogas pode cometer crimes bárbaros como o que vitimou Ana Lídia. ‘‘Se fosse crime só sexual, os policiais fariam esforço para eximir da culpa os acusados’’, observa. Até a família de Álvaro não deu importância à carta e ao telefonema à polícia pedindo resgate para a devolução da menina.
Maria José atribui às falhas nas investigações a responsabilidade pela não condenação dos acusados. Apesar de não ter lido os autos, a promotora avalia que um dos erros mais graves é que a polícia não juntou ao inquérito o retrato-falado do suspeito, muito parecido com Duque. ‘‘Não precisava ser Sherlock Holmes para saber que um retrato-falado ajuda na resolução de um crime.’’ Ela acredita que se o crime tivesse ocorrido hoje a polícia o desvendaria. 

Sem empenho da família

Na época do crime, a polícia ignorou outras pistas, como o álibi usado pela família de Álvaro para inocentá-lo. A justificativa é de que ele teria ido à rodoviária e ao Detran. As marcas de pneu de moto encontradas ao lado da vala onde estava o corpo de Ana Lídia não foram confrontadas com a Yamaha de Álvaro. Os investigadores não foram às poucas farmácias que existiam no Plano Piloto apurar vendas recentes de camisinha. Na década de 70, a população não tinha o hábito de utilizar o protetor. 
O delegado Luiz Julião Ribeiro, chefe da Delegacia de Homicídios e, segundo a promotora, um dos melhores investigadores do país, comentou o crime. Mas fez questão de ressaltar que não tinha acompanhado o processo, apenas leu a cópia do inquérito. ‘‘A impressão que tive é de que não houve vontade da família em desvendar o caso.’’ A forma como a criança deixou a escola chamou a sua atenção. ‘‘Ela não sairia de lá se não fosse com alguém conhecido.’’ Julião analisou o perfil do assassino e afirma que dificilmente ele assumiria um crime tão bárbaro. ‘‘Quando o homicida mata por raiva, é mais fácil conseguir a confissão.’’ Na opinião do delegado, quem matou deveria estar sob o efeito de drogas. 
O caso seria desvendado se na época existisse o exame de DNA. A diretora do Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do DF, Cláudia Regina Mendes, explica que na década de 70 o único exame possível com o esperma recolhido seria para excluir suspeitos.Falhas elementares na investigação, falta de cuidado com a conservação de provas e esquecimentos suspeitos colaboraram para que o criminoso não tenha sido punido. Relatório do agente Francisco Pedro de Araújo, elaborado três anos depois do assassinato, aponta as falhas da polícia: O retrato-falado do criminoso não foi anexado ao processo. 
Um dos métodos clássicos de investigação policial é a divulgação de documento com as principais características físicas de suspeitos de crime. Os dados são coletados por testemunhas. O retrato-falado do suposto assassino é muito parecido com Raimundo Duque, um dos acusados do crime. O delegado Mário Stuart, chefe da Delegacia de Homicídios na época, disse ‘‘não se lembrar’’ por que o retrato não foi anexado ao processo. Não foram feitas diligências em farmácias para tentar descobrir onde os suspeitos teriam comprado camisinha. 
Ao lado do corpo de Ana Lídia, a polícia encontrou duas camisinhas usadas. A promotora Maria José Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, considera uma falha grave não se ter checado onde o produto fora vendido e descobrir quem teria feito a venda. O vendedor poderia ter reconhecido o suposto assassino. Na época, havia poucas farmácias na cidade e camisinhas não eram utilizadas com freqüência. Não foi feito exame grafotécnico, comparando a escrita à mão com a caligrafia dos suspeitos. Os tipos usados na carta de resgate não foram comparados com os das máquinas de escrever da SAB, onde foi encontrada 
Um funcionário do Supermercado SAB, da 405/406 Norte, encontrou, sobre uma pilha de sacos de arroz, uma carta endereçada a Álvaro Braga, pai de Ana Lídia. Em texto escrita à máquina, num envelope manuscrito, o seqüestrador exige 500 mil cruzeiros pela devolução de Ana Lídia. O dinheiro deveria ser colocado num local próximo à Ponte do Bragueto até a sexta-feira 14. O álibi de Álvaro, de que fora à rodoviária e ao Detran, não foi checado a família dele deu essa versão à polícia. Caso o irmão de Ana Lídia tivesse ido mesmo aos locais, as pessoas que supostamente o atenderam poderiam ter confirmado ou não. Nem Álvaro nem os pais de Ana Lídia comentam o caso com a imprensa. 
“Quem não é culpada, grita e esperneia para provar a inocência”, comenta a promotora Maria José Miranda. As marcas de pneu de moto não foram coletadas, por molde de gesso, e nem comparadas com a Yamaha de Álvaro os vestígios estavam ao lado da vala onde o corpo da menina foi encontrado. Para a promotora Maria José Miranda, seria um indício de que Álvaro poderia ter estado no local. As freiras da escola onde Ana Lídia estudava só foram ouvidas mais de um ano depois do crime.
Segundo o ex-presidente do STJ Romildo Bueno, na época desembargador que julgou o caso, a polícia errou ao não ouvir as freiras do colégio Madre Carmem Salles no dia que Ana Lídia foi seqüestrada. 
O tumulo de Ana Lídia, que esta no cemitério Campo da Esperança, recebe visitas em datas como no seu aniversário de morte, dia das crianças e finados quando várias pessoas deixam flores brinquedos e outras homenagens ou pedindo graças que muitas vezes são atendidas, criando na sombra de sua morte peregrinações religiosa considerando- a uma santa pagã de Brasília.

domingo, 19 de maio de 2013

Caso Araceli: Um crime que chocou o Brasil.


18 de maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
O motivo da escolha do dia 18 de maio para o Combate a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes segue abaixo. Leiam com atenção até que ponto a impunidade de nosso país pode chegar.
HISTÓRIA DA ARACELE

Durante mais de três anos, na década de 70, pouca gente ousou abrir a gaveta do Instituto Médico-Legal de Vitória, no Espírito Santo, onde se encontrava o corpo de uma menina de nove anos incompletos. E havia motivos para isso. Além de o corpo estar barbaramente seviciado e desfigurado com ácido, se interessar pelo caso significava comprar briga com as mais poderosas famílias do estado, cujos filhos estavam sendo acusados do hediondo crime. Pelo menos duas pessoas já tinham morrido em circunstâncias misteriosas por se envolverem com o assunto.

Ainda assim, corajosos enfrentavam os poderosos exigindo justiça, tanto que o corpo permanecia insepulto na fria gaveta, como se fosse a última trincheira da resistência. O nome da menina era Araceli Cabrera Crespo e seu martírio significou tanto que o dia 18 de maio – data em que ela desapareceu da escola onde estudava para nunca mais ser vista com vida – se transformou no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Por uma dessas cruéis ironias, Jardim dos Anjos era onde ficava um casarão, na Praia de Canto, usado por um grupo de viciados de Vitória (ES) para promover orgias regadas a LSD, cocaína e álcool, nas quais muitas vítimas eram crianças – anjos do sexo feminino. Entre a turma de toxicômanos, era conhecida a atração quePaulo Constanteen Helal, o Paulinho, e Dante de Brito Michelini, o Dantinho, líderes do grupo, sentiam por menininhas. Dizia-se, sempre a boca pequena, que eles drogavam e violentavam meninas e adolescentes no casarão e em apartamentos mantidos exclusivamente para festas de embalo. O comércio de drogas era, e é muito enraizado naquela cidade. O Bar Franciscano, da família Michelini, era apontado como um ponto conhecido de tráfico e consumo livres.
Suspeitas sobre a mãe da menina
Araceli vivia com o pai Gabriel Sanches Crespo, eletricista do Porto de Vitória, a mãe Lola, boliviana radicada no país, e o irmão Carlinhos, alguns anos mais velho que ela. Na casa modesta, localizada na Rua São Paulo, bairro de Fátima, era mantido o viralata Radar, xodó da menina, que o criava desde pequenino. Segundo o escritor José Louzeiro que acompanhou o caso de perto e o transformou no livro “Araceli, Meu Amor” – o nomeRadar foi escolhido pela garota “para que o animal sempre a encontrasse”. Araceli estudava perto de casa, no Colégio São Pedro, na Praia do Suá, e mantinha urna rotina dificilmente quebrada. Ela saía da escola, no fim da tarde, e ia para um ponto de ônibus ali perto, quase na porta de um bar, onde invariavelmente brincava com um gato que vivia por ali.
No dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, a rotina de Araceli foi alterada. Ela não apareceu em casa e o pai, num velho Fusca, saiu a procurá-la pelas casas de amigos e conhecidos, até chegar ao centro de Vitória. Nada. A menina não estava em lugar algum. Só restou a Gabriel comunicar a Lola que a filha estava desaparecida e que tinha deixado seu retrato em redações de jornais, na esperança de que fosse, realmente, somente um desaparecimento. No dia seguinte, quando foi ao colégio para conseguir mais informações, Gabriel ficou sabendo que a menina tinha saído mais cedo da escola. De acordo com a professora Marlene Stefanon, Araceli tinha “ido embora para casa por volta das quatro e meia da tarde, como a mãe mandou pedir num bilhete”.
Na véspera, Lola tivera uma reação aparentemente normal ao constatar a demora da filha em chegar em casa. Primeiro, ficou enervada; depois, preocupada. No sábado, tarde da noite, sofreu uma crise nervosa e precisou ser internada no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia. Ainda no início do processo, acabariam pesando sobre ela fortes suspeitas e graves acusações. Lola foi apontada como viciada e traficante de cocaína, fornecedora da droga para pessoas influentes da cidade e até amante de Jorge Michelini, tio de Dantinho. E mais: ela era irmã de traficantes de Santa Cruz de La Sierra, para onde se mudou tão logo o caso ganhou dimensão, deixando para trás o marido Gabriel e o outro filho, Carlinhos. Não se sabe até onde Lola facilitou ou estimulou a cobiça dos assassinos em relação a Araceli.
Menina era usada no tráfico de drogas
A respeito de Dantinho e de Paulinho Helal, dizia-se que uma de suas diversões durante o dia era rondar os colégios da cidade em busca de possíveis vítimas, apostando na impunidade que o dinheiro dos pais podia comprar. Dante Barros Michelini era rico exportador de café (tão ligado a Dantinho que chegou a ser preso, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho). Constanteen Helal, pai de Paulinho, era comerciante riquíssimo e poderoso membro da maçonaria capixaba. Seus negócios também incluíam imóveis, hotéis, fazendas e casas comerciais. Já o eletricista Gabriel, seu maior tesouro era a filha. No domingo, ele foi à delegacia dar queixa, onde lhe foi dito que tudo seria feito para encontrar Araceli. Na Santa Casa, ele contou a Lola o resultado de sua busca e falou da garantia dos policiais de que tudo acabaria bem. Lola pareceu não acreditar – e chorou. O escritor José Louzeiro não tem dúvida:
Lola foi, indiretamente, a causadora do hediondo crime de que sua filha foi vítima.
“Na sexta-feira, a mando da mãe, Araceli tinha ido levar um envelope no edifício Apoio, no Centro de Vitória, ainda em construção, mas que já tinha uns três ou quatro apartamentos prontos, no 8º andar. A menina não sabia, mas o envelope continha drogas. Num dos apartamentos, Paulinho Helal, Dantinho e outros se drogavam. Ela chegou, foi agarrada e não saiu mais com vida”, conta o escritor.
O que aconteceu realmente com Araceli Cabrera Crespo talvez nunca se saiba. E talvez, seja bom mesmo não conhecer os detalhes, tamanha é a brutalidade que o exame de corpo delito deixa entrever. A menina foi estupidamente martirizada. Araceli foi espancada, estuprada, drogada e morta numa orgia de drogas e sexo. Sua vagina, seu peito e sua barriga tinham marcas de dentes. Seu queixo foi deslocado com um golpe. Finalmente, seu corpo – o rosto, principalmente – foi desfigurado com ácido.
Corrupção e cumplicidade da polícia
Seis dias depois do massacre da menina, um moleque caçava passarinhos num terreno baldio atrás do Hospital Infantil Menino Jesus, na Praia Comprida, perto do Centro da capital. Mas o que ele encontrou foi o corpo despido e desfigurado de Araceli. Começou, então, a ser tecida uma rede de cumplicidade e corrupção, que envolveu a polícia e o judiciário e impediu a apuração do crime e o julgamento dos acusados por uma sociedade silenciada pelo medo e oprimida pelo abuso de poder.
Dois meses após o aparecimento do corpo, num dia qualquer de julho de 1973, o superintendente de Polícia Civil do Espírito Santo, Gilberto Barros Faria, fez uma revelação bombástica. Ele afirmou que já sabia o nome dos criminosos, vários, e que a população de Vitória ficaria estarrecida quando fossem anunciados, no dia seguinte. Barros havia retirado cabelos de um pente usado por Araceli e do corpo encontrado e levado para exames em Brasília. confirmando que eram iguais. Por que a providência? Até então, havia dúvidas que era de Araceli o corpo que apareceu desfigurado no terreno baldio. Gabriel sabia que era o da filha – ele o reconheceu por um sinal de nascença, num dos dedos dos pés. Mas Lola disse o contrário. Assim que se recuperou, ela foi ao IML reconhecer o corpo e afirmou que não era de sua filha.
Louzeiro recorda um outro fato a respeito disso, altamente elucidativo. Certo dia, Gabriel levou o cachorro Radar ao IML só para confirmar, ainda mais sua certeza. Não deu outra: mesmo com a gaveta fechada, animal agiu realmente como um radar, como Araceli premonizara, e foi direto à geladeira onde estava o corpo de sua dona.
O delegado muda de opinião
Porém, sem que explicasse o porquê (na noite anterior, ele tivera um encontro com Dante Michelini), Barros Faria mudou de opinião e, ao invés de estarrecer a população de Vitória, provocou riso e deboche por uma lado, e revolta, por outro. O assassino de Araceli, segundo ele, era um velho negro, demente, que perambulava pela Praia do Suá, perto da escola da menina. Começava a escalada de suborno, ou de medo. Coisa que não fazia parte do caráter de um sargento da Polícia Militar, lotado no serviço secreto, e de um vereador do MDB de Vitória. O primeiro, Homero Dias, acabaria pagando com a vida as investigações que fez. Certo de que estava mexendo em casa de marimbondos, o sargento Homero procurava se cercar de muito cuidado durante suas investigações. Tudo que apurava, ele comunicava a seu superior imediato, o capitão Manoel Araújo, também delegado de polícia, em quem confiava. A esposa, Elza, e ao sogro, João Dias, confidenciou certa vez: “Já tenho material para incriminar muita gente. Acho que o capitão Araújo já pode interrogar o filho de Constanteen Helal.”
Repentinamente, Homero foi afastado do caso pelo próprio capitão Araújo e recebeu ordens de perseguir o traficante José Paulo Barbosa. o Paulinho Boca Negra, na ilha do Príncipe. Na operação, Homero foi atingido nas costas e morreu. O próprio Boca Negra diria depois, na Penitenciária de Vitória, até ser calado para sempre, tempos após, com 27 facadas: “Quem matou o sargento Homero foi o soldado da PM que estava com ele. Eu vi quando ele atirou.”
Evidências apontam para Helal e Dantinho
O vereador era Clério Vieira Falcão, falecido há cerca de seis anos, que travou incansável luta para botar na cadeia os assassinos de Araceli. Ele deflagrou uma campanha, que repercutiu em todo o país, exigindo a apuração do crime e a apuração dos culpados, que apontava: Dante de Brito Michelini, Paulo Constanteen Helal e a amante deste, Marisley Fernandes Muniz, viciada em drogas. O nome dela surgiu no caso graças à paciente investigação feita pelo perito Asdrúbal de Lima Cabral, o Dudu, que, com a ajuda de seu colega carioca Carlos Éboli, também muito contribuiu para que o caso não fosse esquecido. Louzeiro recorda, por exemplo, que certa ocasião Dudu seguiu a mãe de Araceli, Lola, até São Paulo. Ela tinha saído de Vitória vestida praticamente como uma mendiga e, num hotel da capital paulista, vestira roupas elegantes e embarcara num avião para a Bolívia. Motivo: comprar drogas para a gangue dos acusados, mesmo após a morte da filha.
Eleito deputado, Clério Falcão conseguiu formar uma CPI para apurar o caso, que obteve mais resultados que a própria polícia. Ouvida na CPI, Marisley Fernandes declarou que o casarão do Jardim dos Anjos era reduto de festas de filhos de milionários, onde se consumia grandes quantidades de cocaína e LSD.
Ela também disse, mas depois negou, que Paulinho Helal a tinha levado ao local onde estava o corpo de Araceli, num carro onde havia um frasco com um líquido amarelo e luvas. O objetivo dele, segundo a amante, era ver se precisava despejar mais ácido no cadáver para dificultar o reconhecimento. Também convocado a depor na CPI, o perito Carlos Éboli disse que os assassinos deram uma dose excessiva de LSD a Araceli.
O Caso Araceli também fez vítimas do lado dos acusados. Uma delas foi o jovem Fortunato Piccin, um viciado que perdia completamente a razão quando se drogava em excesso. Ele foi apontado pelo capitão Manoel Araújo como suspeito do crime e morreu depois de tomar um remédio trocado, na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, da qual Constanteen Helal era provedor. Também há suspeitas de que o próprio Jorge Michelini, tio de Dantinho, tenha sido eliminado por ameaçar contar tudo que sabia. Numa madrugada, o carro que dirigia foi atingido pelo ônibus de uma empresa, cujos veículos só circulavam até meia-noite. Segundo Louzeiro, outros dois assassinados foram um mecânico que prestava serviços para Paulinho Helal e o porteiro do Edifício Apolo.
O corpo de Araceli, segundo as investigações, teria sido levado num Karmann-Ghia do Edifício Apolo para o Bar Franciscano, onde ficou dentro de uma geladeira. Posteriormente, o corpo teria sido conduzido à Santa Casa de Misericórdia, com a cumplicidade do funcionário do serviço de necrópsia Arnaldo Neres, que viraria depois dono de funerária. Finalmente, o cadáver da menina foi deixado no terreno baldio. Muita gente viu e soube do que estava acontecendo durante aqueles dias. Os carrascos de Araceli fizeram tudo quase abertamente, tal a certeza da impunidade. O inquérito policial não passou de uma farsa e o longo processo judicial não conseguiu transformar evidências em provas.
Ainda assim, em agosto de 1977, o juiz Hilton Sily (falecido em abril passado), determinou a prisão de Dante de Brito Michelini e Paulo Constanteen Helal, pelo assassinato de Araceli, e de Dante Barros Michelini, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho. Em outubro do mesmo ano eles já estavam soltos e o juiz havia sido “promovido” a desembargador. Em 1980, Dantinho e Paulinho foram julgados e condenados, mas a sentença foi anulada. Em novo julgamento, realizado em 1991, os reús foram absolvidos.
O crime já prescreveu. Mas o Caso Araceli é uma ferida que nunca cicatrizou completamente. Mexer com o assunto em Vitória ainda desperta medo, revolta e incredulidade.


Fonte:http://trilhahistorica.blogspot.com.br/2009/05/18-de-maio-dia-nacional-de-combate-ao.html